Na passada segunda – feira, dia 27
de fevereiro de 2012, às 10h20, a escritora Lídia Jorge deslocou-se à Escola
Secundária de Pinheiro e Rosa para fazer uma palestra subordinada ao tema “O
Livro na Era da Informática”. O presente relatório tem por objetivo descrever o
referido encontro com a escritora.
A atividade decorreu no auditório e
foi organizada pela biblioteca escolar. Estavam presentes duas turmas do 10º
ano de Ciências e Tecnologias, uma turma do 11º ano da área de Línguas e
Humanidades e uma quarta turma do 9º ano da Escola Básica de 2º e 3º ciclos
Afonso III. A sessão foi aberta por um membro representante do conselho
executivo e, seguidamente, o professor Joaquim Rodrigues fez uma breve
apresentação biobibliográfica em powerpoint.
Destacou-se que Lídia Jorge nasceu em 1946, em Boliqueime, e, desde cedo, mostrou
um enorme interesse pela Literatura. Por esta razão, depois de ter completado o
ensino secundário na Escola Secundária João de Deus, ingressou na Universidade
de Letras em Lisboa e formou-se em Filologia Românica. Foi professora do ensino
secundário e universitário e viveu vários anos em Moçambique. Tornou-se
conhecida como escritora, após o lançamento do seu livro O Dia dos Prodígios,
em 1980. Possui uma vasta obra traduzida em várias línguas e os seus livros
estão publicados em inúmeros países espalhados pelo mundo. Algumas das suas
criações estão adaptadas ao cinema, como é o caso de Costa dos Murmúrios (1988),
e ao teatro. Para finalizar este ponto inicial foi ainda destacado o título do
seu livro mais recente, A Noite das Mulheres Cantoras, publicado em
2011.
Seguidamente, Lídia Jorge começou por
mencionar que, em Portugal, a existência de livros em casa é recente e que este
acontecimento foi interrompido pelo aparecimento dos aparelhos eletrónicos. Esta informação levou a escritora a fazer uma
analogia entre o inteletual português e os doentes terminais: em ambos os casos
é necessário que se esteja ligado a aparelhos eletrónicos. Criticou, na
qualidade de professora, todos os colegas que defendem que “ler é uma perda de
tempo” e defendeu a tese que diz que “sem a parte humanística nenhum
especialista será verdadeiramente especialista”. Para apoiar a sua tese citou
Blaise Pascal e Gard e explicou que as pessoas que não leem não têm capacidade
de escuta porque “cada livro é uma síntese de uma vida”. Também nos deu a
conhecer a existência de pessoas que, não lendo, citam frases de grandes obras
literárias sem saberem o seu significado. Essas pessoas distinguem-se pelo
facto de não terem capacidade de escuta e de darem mais valor ao exterior do
que ao interior, à personalidade do indivíduo.
Lídia Jorge também nos mostrou que a
literatura é diferente de todas as outras formas de arte porque vive só das
palavras; recorre apenas às palavras para se exprimir. Para ilustrar este seu
pensamento, leu um excerto do livro As velas ardem até ao fim, de Sándor Márai, que mostra que Conrad, um dos
protagonistas da história, é um homem culto e que leu, pois analisa com
pormenor uma situação difícil de vários planos: de dentro, de fora e à volta de
si.
Penso que esta palestra esteve muito
bem organizada e foi muito produtiva. Os alunos desfrutaram das palavras da
escritora.
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